domingo, 17 de agosto de 2014

21:03

"Paris, 17 de Julho de 2014


Morro de ciúmes por dentro e por fora. Morro. Assim. Quieta e calada. Com os pensamentos de quem quer dar cabo da própria sanidade. Penso, penso e penso. Vou sempre parar a ti. A ti e às outras.  
Os ciúmes são inúteis. Não preciso deles para nada. Dispensava. Isso e a mania parva de colocar imagens no meu pensamento que me ferem tal como agulhas nas mãos. Por mais que não queira morro de ciúmes de ti, por dentro e por fora. "  

Esta é mais uma das muitas cartas que nunca te consegui enviar, falta-me a força. Força para dizer aquilo que sinto, força para conseguir ouvir o que me irás dizer depois. Qual será a tua reacção? Não sei. Perco a força só de pensar em contar-te tudo. 
Mas, a verdade é que não me importo de esperar por ti. 

p.s. Uma grande parte de mim acha que tu também tens vontade de gritar tudo para o mundo. Tal como eu. Poderemos estar destinados, mas não para agora.  

sábado, 10 de maio de 2014

Mete medo. Deixa marcas. Faz cicatrizes. Assusta, principalmente. Dá sono. Dá frio. Odeio o fim.

O fim traz memórias antigas. Fotografias com sorrisos. Ou beijos. Deixa-me abalada com o que se diz de forma errada. Sem explicações. Sem saber o que mais se dizer. Eu não sei. Nunca sei. Por gastar tantas palavras e não serem ouvidas. E por tão pouco, o fim não tinha chegado. Mas é assim, a vida é assim. As más opções no momento errado deixam tudo confuso. Voltar atrás depois do que é dito? E do que não é dito? O fim é desagradável para os corações. Para o meu, que tão pequenino é. Para os sorrisos. Não é fácil apagar rostos. Eu não sei.  As prendas que se compram e não se chegam a oferecer. Os elogios que se elaboram e não se dizem. Os planos do fim de ano que não se concretizam. Os momentos que podiam ter acontecido e deixam para outro dia. Os telefonemas que se prometem e nunca se fazem.  Não quero pensar na culpa, essa é o que menos interessa. Os laços que acabam por se partir, como se de um laçarote se tratasse. O fim.  O fim deixa-me as mãos geladas. São defeitos apontados. É o orgulho ferido. É a saudade do inicio. É o pensar que se podia ter feito tanto e não se fez. Tanta coisa podia ter sido diferente. Tantas vezes penso. Podia ter sido diferente. Podia ter sido diferente. Diferente. O fim é ruim, porque se esquece muitas vezes o que fez começar. O fim pode ser o fim do próximo inicio. Ninguém quer lá chegar, faz doer.

O inicio apaga-se, ninguém se esquece do fim quando há fim. 

sábado, 29 de dezembro de 2012

Discutimos. Como dói discutir contigo. Fazemos de conta que não sentimos nada. As palavras ditas no quentinho dos cobertores são ditas para fazer o quadro o mais belo de todos. O meu corpo fica bem ali, a ser única nos teus braços. Acredito que seja assim. Fazemos de conta que as mensagens trocadas são só para encher o que pode estar vazio. Os problemas são tão grandes vindos do nada. Nada, fazemos do nada tudo numa discussão. Somos os maiores a humilhar o outro. A dizer o pior que nos conseguimos lembrar. E assim vamos acabando por afastar o que sentimos, temos a mania de ser o melhor de todos. Gostamos tanto um do outro que qualquer coisa é o pior pesadelo. Talvez seja por isso. Discutir contigo dá-me prazer quando sei que vamos fazer as pazes em menos de dois minutos. Só assim. O virar as costas é a minha fragilidade. Saber que não te vou continuar a chamar nomes, até me mandares calar. Dói saber que pensas na primeira estação quando és ferido. Eu prefiro mostrar que não me afectou nada, quando é tudo ao contrário. Quando ao virar a cara vou estar a chorar. E a pedir baixinho, não te vás embora, desculpa. E tu vais. E eu vou."Queres dizer mais alguma coisa?","Não, não há mais nada para ser dito".Como adoramos mentir quando estamos a discutir. Ambos sabemos, mas insistimos só para doer mais. 

De repente, mataste-me porque não me amaste uma unica vez. Era tão tua como o Mundo é nosso. Fiz figas atrás das costas, "um dia quem sabe".  Senti tantas vezes a ferida arder, outras tantas tapavas com a tua mão o meu sofrimento e era aí que via o teu carinho por mim. Por isso, aprendi a chorar na esperança de me dares atenção desmedida. Distraída, fui perdendo a noção da realidade. Era só pena. Acabei por explodir por não me quereres, mas querias que continuasse a querer-te. E de repente, mataste em mim a vontade de te amar.
Magoaste-me com as minhas mãos porque eram tuas.
Ainda sei o que é ir a correr para a janela para te tentar ver passar. Fechar a janela desiludida porque não cheguei a tempo. Segundos depois, passas e dás sinal tocando a buzina. Sinto aconchego, como se me desses um beijo na testa antes de adormecer. E envio-te um beijo, apesar de não chegares a saber que faço este tipo de coisas.
Que saudades já tinha de um desgosto de amor. Feliz daquele que sofre por amor e não sabe enterrar as lágrimas. Dá cabeçadas na parede, e outra, e outra,... dizendo que vai acordar para a próxima. Não vai. A seguir não é melhor, é igual, parecido. Algo assim. Os erros são para repetir. Com mais classe, menos berros. Olha para mim, sou eu a escrever enquanto choro por dentro e penso que isto tudo vai passar. Está a passar no Youtube aquela música sobre as raparigas que não choram. Sim, choram. As raparigas choram tanto como respiram. As raparigas enchem-se de esperanças e depois acabam a chorar. É sempre assim. Nunca muda.